Batemos um papo com a autora de “Mentiras e desejos”, Janelle Brown, confira a seguir algumas curiosidades sobre o processo de escrita desse thriller que é lançamento da Trama este mês.

1/ Quais foram as inspirações para escrever esse livro?

Minha ideia para esse livro veio inicialmente de um desejo de escrever um livro sobre golpistas; e, para mim, um golpista moderno com certeza usaria redes sociais para escolher suas vítimas. Então comecei a fazer pesquisas sobre golpes on-line e vigaristas que usam as redes e acabei descobrindo muita coisa, como, por exemplo, que há homens que usam aplicativos de namoro para escolher as mulheres em que vão dar um golpe.

Talvez o caso mais famoso seja o da Kim Kardashian, que foi roubada em 2016, em um hotel em Paris, por um grupo de homens armados e vestidos como policiais. Os ladrões sabiam onde encontrá-la porque estavam acompanhando ela no Instagram. Por meio dos próprios posts da Kim, eles conseguiram descobrir onde ela estava se hospedando e quais joias ela possuía.

Isso foi, em parte, a inspiração para Nina. Já Vanessa foi inspirada nas muitas influencers do Instagram que eu seguia há anos. Eu era fascinada com o surgimento das influenciadoras e seus lifestyles.

2/ Como foi seu processo de pesquisa para os tópicos cobertos enquanto escrevia o livro?

Primeiro pesquisei muito sobre a psicologia de um golpista. Tem um ótimo livro chamado The Confidence Game, de Maria Konnikova, com o qual aprendi muito sobre esse assunto. Também entrevistei alguns experts que conheciam sobre as técnicas modernas de golpes, especialmente os on-lines. Estudei um pouco sobre antiguidades, passando tempo em sites de museus e olhando os catálogos de galerias e leilões de arte, e até entrevistei um professor cuja especialidade era o mercado internacional de arte e antiguidade roubadas.

Sobre a escolha do lugar, passei muito tempo em Lake Tahoe enquanto crescia (até me casei lá), e esse livro foi uma boa desculpa para voltar e me lembrar de como era o lugar.

3/ Como é a sua relação com as redes sociais?

Cautelosa. Estou em muitas delas, mas o Instagram é a única na qual passo muito tempo. Eu acho que tem benefícios, como um meio de conexão entre autores e leitores e entre a comunidade de leitores em geral. Esse aspecto das redes sociais é ótimo.

Mas há diversos outros aspectos das redes que detesto. Muitos influenciadores de moda e lifestyle são essencialmente golpistas, vendendo imagens impossíveis como um meio de impulsionar um produto e fazer dinheiro. Graças às redes sociais, a sociedade não tem mais o conceito de privacidade; tudo que é feito é voltado para a câmera e como isso vai aparecer em um post. Tudo isso é muito prejudicial à mente humana — especialmente para as crianças que crescem nesse mundo. Vários novos estudos mostram como crianças têm uma imagem negativa delas mesmas depois de passar dias nas redes sociais.

4/ Se você pudesse fazer uma playlist com a vibe do livro, quais músicas, filmes ou programas de TV você usaria?

Oh, essa é complicada! Lupin e La Casa de Papel são séries sobre golpes e roubos que eu amo. 8 mulheres e um segredo, Bling Ring: a gangue de Hollywood e Os Imorais são filmes bons também. Quanto às músicas, fiz uma playlist (linkar com a playlist abaixo) para o livro que você pode escutar no Spotify.

5/ Quais são suas expectativas para adaptar o livro à série? E o que os leitores brasileiros podem esperar deste livro?

Estou atualmente no processo de adaptação do livro para uma série na Amazon, com a produtora da Nicole Kidman. Ainda estamos trabalhando no episódio piloto, então tem muita coisa pela frente, mas é muito animador!

Sobre o que os leitores brasileiros podem esperar do livro: uma divertida história, cheia de reviravoltas, com duas protagonistas femininas complexas e surpreendentes, e um livro que também provoca muitas perguntas sobre imagem e reflexão na era das redes sociais.